Em suas falas, no dia a dia, uma das maiores
preocupações de empreendedores é a onda de violência que assusta Governador
Dix-sept Rosado.
Um deles relatou que vez por outra fazia a contagem de suas
ovelhas. Num dia, o rebanho somava 200. No dia seguinte, havia 4 a menos. Ele
disse que isso o desestimulou e foi obrigado a vender os animais.
O referido
homem de negócios vendia cordeiro abatido, devidamente embalado, sob encomenda
de amigos e clientes, o que o ajudava nas despesas do cotidiano.
São muitas histórias semelhantes a essa.
Empreendedores pedem passagem, a ação delituosa impede o crescimento de seus
negócios e o desenvolvimento da economia de Governador Dix-sept Rosado.
Eles
vêem uma apatia das administrações municipais, nos últimos 15, em relação à
questão da segurança pública. Segundo esse ponto de vista, além do prejuízo
financeiro de comerciantes, prestadores de serviços e agricultores familiares,
o cenário barra o surgimento de outros negócios no município.
Moisés Fernandes (direita) se integra a restaurante da família
O diácono Moisés Fernandes passa a administrar o restaurante
Gosto com Sabor, ao lado da esposa, Sara Kadydja.
O restaurante coloca à disposição de seus clientes comida
regional, com self service e delivery.
O Gosto com Sabor fica localizado na Rua Santos Dumont,
número 91, no Centro de Mossoró, próximo à agência do Bradesco.
Contato: 98737-0886.
domingo, 2 de agosto de 2020
Badú
A história de um homem amava a família e o futebol
Na noite domingo, 26 de julho, por volta das 20 horas, José Antônio de
França, o popular Badú, 82 anos, encerrou a carreira, na vida terrena, em
Governador Dix-sept Rosado. Coincidentemente, num domingo, dia de futebol, o
coração que tanto pulsara, nos campos e fora deles, parou de bater. As batidas
cardíacas, que foram intensas, ora como atleta, ora como dirigente, em meio às
emoções, embates e conquistas ao longo dos anos, cessaram no quarto da casa daquele
homem, tido como dos mais apaixonados na história do esporte dix-septiense.
Ao longo dos anos, Badú vinha se deparando com adversários difíceis, os
quais enfrentou corajosamente. Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) atingiu a
sua perna direita e o deixou sem andar. As sequelas também afetaram a audição,
a fala, a face e o movimento dos braços. Apesar da gravidade dos problemas, ele
reagiu e voltou a andar, a se expressar mesmo com voz baixa e, com esforço, tentava
compreender a fala das outras pessoas. Somava-se a tudo isso, hipertensão e
diabetes, havendo variação de suas taxas.
Em meio aos tais problemas de saúde, Badú ainda enfrentou e venceu a
Covid-19. O filho caçula, Évio Luiz, usou uma metáfora para dizer que o homem
forte, vencedor, guerreiro, pronto para qualquer batalha, foi convocado por
Deus para reforçar a sua equipe. Um infarto atingiu o coração do homem que
tanto amou a esposa e os filhos, e conquistou o respeito de muitos.
Naquela noite julho, inúmeras ligações telefônicas e mensagens de solidariedade
consolaram a esposa e os filhos diante grande perda. Honraram a memória da
figura humana que foi Badú, amado pai de família, desportista abnegado e um dos
apaixonados por futebolistas locais.
Como quem previa estar próximoo momento da partida, no dia em que
faleceu (domingo 26 de julho), José Antônio de França (Badú), fez uma espécie
de despedida dos que estavam em casa, no café da manhã. À esposa, Arinete,
disse que ela era a companheira do dia a dia, que esteve sempre presente em
todos os momentos.
Conforme o filho Evio Luiz, o pai era um homem amável e não costumava
levantar a voz nem bater nos filhos. “Comigo, por ser o mais novo, tinha um
relacionamento em particular, que não irei esquecer”, lembra, emocionado. “Era
muito meu amigo e torcia demais por mim”.
Trajetória
José Antônio de França nasceu no dia 21 de fevereiro de 1938. Herdou o
apelido Badú de seu pai, que era conhecido como Luiz Badú. Tinha 7 irmãos: Edite,
Joana Paula, Luiz Gonzaga, Socorro, Francisca Sergina, Luzia Sergina e Luiz Felipe de França. Badú era casado com Arinete Soares, filha dos
saudosos Deocleciano Ernesto (Dió) e Maria Júlia. Badú era pai de 9 filhos: Edilene,
Lenaide (in memoria), Lenildo, Neto, Edson, Edmo, Everton, Elisângela e Evio. Seus
filhos lhe deram 21 netos.
As dificuldades econômicas em Governador Dix-sept Rosado, em
determinados momentos, obrigaram José Antônio de França, Badú, a procurar
trabalho em outros centros. Profissional da área de marcenaria, ele morou em
Brasília e Fortaleza, capitais onde a demanda do mercado moveleiro é crescente,
e nas quais trabalhou como montador de móveis e marceneiro.
Depois, retornou à sua terra natal, onde trabalhou como marceneiro na
oficina do saudoso Deocleciano Ernesto seu sogro, e em casa, com a esposa,
Arinete Soares, garantindo o sustento da família.
Esporte
Badú jogou na lateral direita de uma das equipes que marcaram a
história do Tapuyo, no futebol de Gov. Dix-sept Rosado. O time era composto Zé
Feio, Zé de Paula, Agrício, Zé Pio, Chora, Tuzinho e Zé Maria Gregório, entre
outros, que fizeram conhecido o nome do tricolor sebastianopolitano. Além de
jogador, torcedor apaixonado, Badú fez parte (ao lado dos Abnegados José Felipe
da Silva e Mário Carlos) da diretoria que levou o Tapuyo à memorável conquista
da 1ª Copa Oeste.
Quem via um homem simples, à primeira vista, não tinha ideia do seu
zelo, dedicação e certa disciplina para fazer o que gostava. Para se ter uma
ideia, por ser muito respeitador, até para treinar seguia uma espécie de
liturgia. Deslocava-se para o campo de treino sempre com roupa bem composta e,
só quando chegava ao local, vestia calção e camisa. Quando terminava o treino repetia
o ritual ao voltar para casa.
Art Foto
José Felipe (Feio), José França (Badú), Felizardo Nunes Neto e Vital Silva (Buluca) em premiação a esportista pela Prefeitura de Dix-sept Rosado
Art Foto
Badú recebe trofeu ao lado do filho Evio Luiz
O atleta aguerrido dentro de campo e o dirigente dedicado, algumas
vezes deixou transparecer o nervosismo em partidas decisivas do Tapuyo. Segundo
o ex-meia-atacante Aldenir Silva, houve ocasiões em que, quando jogo estava
muito “apertado” Badú ia em casa, e, quando voltava, já estava ganhando –
conta. “Acho que pelo fato do Tapuyo ter um bom time e algumas vezes resolver o
jogo ainda no primeiro tempo, isso virou um tipo de superstição”. E acrescenta:
“Ele costumava ver a partida agachado, ao lado do campo, mas, quando era jogo
duro, assistia muito pouco”.
Por sinal, Aldenir jogava no São Paulo (outro time dix-septiense) e
Badú articulou a vinda do craque para o Tapuyo. (Aldenir era um jogador raro,
com visão de jogo ampla, capacidade para dribles desconcertantes, lançamentos
perfeitos, presença de área e conclusão precisa).
Provavelmente devido à rivalidade, houve época em que organizadores de
competições deixaram de convidar o Tapuyo para participar desses torneios.
Segundo Evio Luiz, estrategicamente, para competir, seu pai criou um time
alternativo e deu o nome de Santa Catarina. Fez um combinado com jogadores que
selecionava, outros do próprio Tapuyo e os próprios filhos. Com nomes do
futebol local, como Ernesto, Tarcísio, Aldenir, Zé Carlos, Aristeu, Otto, além
de seus filhos, Neto, Edmo e Edson, o time chegou a ser campeão em 1992.
Torcedor do Fluminense (Rio de Janeiro) e Tapuyo, Badú gostava tanto de
futebol que jogou bola até os 55 anos, no conhecido campo da Manga, em
Governador Dix-sept Rosado. Para manter a forma, conforme Evio, pedalava e
nadava no rio Apodi-Mossoró, diariamente. “Tinha uma vida esportiva cheia, mas,
com o passar dos anos, ele deixou o praticar o futebol e passou a acompanhar os
jogos dos quais eu participava”.
Embora incentivasse os demais filhos, Badú deixava transparecer que
considerava Evio o melhor. Para provocar Badú, o ponta Aristeu Costa dizia Edmo
era melhor. “Então a discussão estava formada”, lembra Evio. “Papai não
aceitava aquilo”.
Música
Segundo o filho caçula do saudoso Badú, Evio Luiz, o locutor Edson
Calixto, também ex-jogador de futebol, fez uma homenagem a seu pai.
Calixto tocou a música Balada 7, interpretada pelo cantor Moacyr
Franco, que homenageia o saudoso ponta-direita da Seleção Brasileira, Mané
Garricha.
Na ocasião, Badú e ficou fortemente emocionado.
Segundo Evio, quando alguém pedia para mencionar
uma música, Badú citava Balada 7.